Casas Rurais

Na época em que mais se fala de conservação ambiental, curiosamente, rejeita-se a arquitetura vernácula mais que consagrada, bonita e aconchegante. As tecnologias atuais de infraestrutura podem ser aplicadas perfeitamente sobre "estruturas naturais" como são a taipa, o pau-a-pique e o solo-cimento.

Creio que apesar dos avanços da arquitetura moderna e sua aplicação em larga escala, a sociedade precisa manter e mesmo incentivar a aplicação dos conceitos de edificação tradicional, principalmente as casas rurais, herança dos tempos da colonização do Brasil. Estarei apresentando alguns exemplos de casas rurais que ilustrarão melhor este pensamento. 


A que segue nessa postagem pode ser encontrada no distrito de Lumiar, no município de Nova Friburgo – RJ. Nas fotografias podemos ver a fachada voltada para um lago artificial, o corpo da edificação elevado do solo para evitar a umidade e a sala de jantar de uma típica casa de fazenda do início do século passado.


Arquitetura de taipa em pau-a-pique

A taipa é um sistema simples e eficaz em certas situações. O barro preenche uma trama de madeira ou bambu que formam um gradeamento. Esta técnica está restrita ao meio rural e infelizmente apresenta perdas de suas características e de qualidade. O preconceito com a antiguidade somado à industrialização da construção civil determinaram o declínio deste tradicional processo de construção, relegando a taipa ao primitivismo, desprezada não só pelas elites, mas até mesmo pelas camadas populares. Este tipo de construção ficou ligado à miséria e traz embutido um caráter de moradia provisória, um abrigo passageiro contra a opressão da natureza. Visão definitivamente errônea por parte da sociedade. Estas edificações quando bem manutenidas, podem durar muitos anos, apresentando baixo custo de manutenção. A comprovação da riqueza destas técnicas alternativas, podemos ler na história de Hassan Fathy, um arquiteto egípcio que reviveu os antigos métodos de construção do Egito desenvolvendo comunidades carentes, fazendo brotar sentimentos tradicionalistas e revalorizando o trabalho artesanal para dar dignidade ao povo.

Segue a bibliografia: Fathy, Hassan. Construindo com o povo: arquitetura para os pobres; tradução de Maria Clotilde Santoro – Rio de Janeiro: Salamandra; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.