Residências coloniais urbanas

Ao fazer um passeio de bicicleta até Barra de São João, na Região dos Lagos – RJ, coisa que há anos eu não fazia, percebi mais atentamente os traços da arquitetura colonial que ainda perduram na área urbana. Alguns conjuntos são dignos de cidades históricas como Paraty ou Tiradentes embora nem todos os exemplares estejam devidamente conservados. As residências coloniais são a aplicação de algumas das técnicas construtivas que tenho comentado nas últimas postagens.


Aproveitando antigas tradições urbanísticas de Portugal, as vilas e cidades coloniais apresentavam ruas de aspecto uniforme, com residências construídas sobre o alinhamento da via pública e paredes laterais sobre os limites do terreno. As técnicas construtivas eram geralmente primitivas, com paredes de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão e nas residências mais importantes empregava-se pedra e barro, mais raramente tijolos ou ainda pedra e cal. 




O sistema de cobertura, com telhado em duas águas, lançava uma parte da chuva recebida sobre a rua e outra sobre o quintal. A construção sobre os limites laterais garantia a estabilidade e a proteção das empenas. A simplicidade das técnicas denunciam o primitivismo tecnológico da sociedade colonial que era baseada na mão-de-obra escrava.


Os principais tipos de habitação eram o sobrado e a casa térrea. Suas diferenças fundamentais consistiam no tipo de piso: assoalho no sobrado e de chão batido na casa térrea. Definiam-se assim, as relações entre os tipos de habitação e os estratos sociais. Habitar um sobrado significava riqueza e habitar casa de chão batido significava pobreza. Os pavimentos térreos dos sobrados não eram utilizados pelos proprietários como área útil da casa e sim como lojas ou acomodação de escravos e animais. No mais as diferenças eram pequenas.