Estação de Tratamento de Efluentes – ETE


O Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, é abastecido de água por uma estação de tratamento que coleta água salgada da própria Baía de Guanabara e a lança no lago após descontaminação. Os indicadores de balneabilidade são ótimos após o tratamento. A água não é potável, mas é fantástico observar a diferença de qualidade após o tratamento.

A ETE utiliza uma tecnologia conhecida como flotação em fluxo. Existe um canal fechado, por onde a água passa e ocorre a flotação dos sólidos em suspensão.

captação de água               canal de cloração

Os sólidos se acumulam na superfície pela injeção de micro-bolhas de ar, formando um lodo, que é recolhido por uma roda coletora.

ventiladores de fluxo            injeção de micro-bolhas

Dois ventiladores de fluxo são posicionados na entrada do canal gerando uma corrente de ar que empurra o lodo em direção à roda coletora.

roda coletora

A água segue depois para um tanque de cloração onde recebe tratamento anti-bacteriológico, desinfecção e correção do Ph. Ao final, a água cai em uma cascata de aeração e é bombeada para o lago salgado. O maquinário fica abrigado em um módulo de equipamentos e em duas casas de bombas, sendo uma de captação de água e outra de transbordo.


tanque de cloração                 cascata de aeração

Acompanhar a montagem desta estação foi para mim, na época, algo desafiador porque eu estava recém formado. Foi este trabalho que me motivou a estudar gestão ambiental. Coincidentemente, um dos fiscais da obra, por parte da Petrobras, o mestre Antônio Luiz Peres, foi ser meu professor no curso da UFF, na disciplina “Gerenciamento de recursos hídricos e efluentes na indústria”.


Instrumentos de análise da água

Geodésica III

Esta geodésica foi montada em abril de 1999, para servir de cenário em uma manifestação popular que relembrava os 3 anos do caso que ficou conhecido como “O massacre de Eldorado dos Carajás”, no Estado do Pará, onde 19 trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos Sem Terra foram mortos em um confronto com a polícia. Ela foi montada na entrada do prédio da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.



Durante o evento, foram dispostos 19 caixões dentro da estrutura. Como esta geodésica era derivada de um tetraedro (o poliedro mais simples), e por questões econômicas a freqüência de divisão dos polígonos não era muita, sua forma ficou bem parecida com uma pirâmide e acabou proporcionando uma atmosfera meio exotérica ao evento.



Apesar do formato piramidal oferecer menos efeito visual que o esférico, este modelo apresenta algumas vantagens consideráveis. O acesso ao interior é mais fácil, pois os polígonos da base são mais verticalizados e facilitam, por exemplo, a instalação de esquadrias. A cobertura também é favorecida porque apresenta planos mais lineares e com inclinações muito parecidas com a dos telhados convencionais. Aliás, este modelo geodésico se parece com aqueles polígonos de tubos e lona branca, de montar, e que se utiliza em festas.

Simulador para trabalhos em espaço confinado

Diversificando os assuntos, elaborei esta postagem sobre trabalho envolvendo tecnologia industrial. Este projeto foi elaborado em 2007 quando eu trabalhava como engenheiro de segurança para a empresa Sistac – Sistemas de acesso. Esta empresa realiza manutenção de plataformas de petróleo utilizando técnicas de mergulho profissional e escalada industrial. No escopo deste serviço está o trabalho em espaço confinado, que é um serviço executado por pessoas em locais de difícil acesso, com pouca ou nenhuma ventilação, onde possa haver risco de explosão ou incêndio, ou ainda, possa haver contaminantes capazes de causar doenças ou acidentes de trabalho.


Para a realização deste tipo de serviço é necessário que os profissionais passem por treinamentos periódicos estabelecidos por norma do Ministério do Trabalho. Este simulador foi desenvolvido então, para que a empresa pudesse treinar seus próprios funcionários evitando assim o custo de treinamentos externos. O projeto consiste na sobreposição de 2 contêineres de 6 metros, fechados e interligados, onde os trabalhadores podem exercitar diversas formas de acesso, incluindo no interior de tubulações e através de escalada por corda.



Para que os gestores da empresa pudessem analisar o projeto de modo preciso e agradável, optei por fazer uma maquete de papel acompanhada de plantas baixa, cortes e elevações em escala 1/100. O papel utilizado foi 100% reciclado e proporcionou um acabamento rústico e lúdico, tipo desenho animado. Até mesmo para os escaladores ficou muito mais fácil compreender o potencial de treinamento e opinar sobre as melhorias. Em diversos trabalhos que realizei no setor industrial, sempre acabei por aplicar os conhecimentos adquiridos com a arquitetura, apesar de alguns considerarem estas habilidades não diretamente relacionadas.

Geodésica II

Os domos possuem uma forma pacífica e exprimem proteção. Eles não possuem tetos nem paredes e tudo é integrado como na abóboda celeste. As geodésicas estimulam a auto-construção e o trabalho com materiais leves, podendo-se fazer quase tudo do chão, de modo pré-fabricado. Ao montar um domo geodésico passamos a entender melhor a geometria, a natureza e a vida.


As cúpulas geodésicas são poliedros com seus vértices rebatidos em uma esfera. Poliedro é um sólido geométrico limitado por polígonos planos dispostos lado a lado, ocupando planos diferentes e definindo um trecho fechado do espaço. Os polígonos são as faces do poliedro. Os lados dos polígonos são chamados arestas do poliedro e seus vértices formam ângulos sólidos.


O cubo é um sólido sociável, pois ele pode ser aglomerado perfeitamente, isto é, podemos juntar cubos lado a lado sem que sobrem espaços vazios. O quadrado e o cubo são a modulação básica de nossas construções atuais, mas isso não significa que eles sejam a maneira mais econômica de aglomeração. A malha plana hexagonal sim, que é a forma ideal para a aglomeração de polígonos, pois ela tem o menor perímetro e a maior área possível. Lembremos que as abelhas utilizam a malha hexagonal na colméia seguindo a aglomeração do octaedro truncado que é o poliedro mais econômico, com menor superfície e que envolve o menor volume.


A experiência me mostrou que as estruturas geodésicas mais econômicas e de maior efeito são as derivadas do octaedro e do icosaedro. Acusticamente falando, acontecem fenômenos interessantes num domo geodésico. Todo som que parte do centro volta ao centro, desde que não haja obstáculo e todo som que parte próximo da parede percorre a volta do domo e volta ao lugar de origem.

Residências coloniais urbanas II

A configuração urbana do período colonial também pode ser vista em Lumiar, distrito de Nova Friburgo – RJ, em um conjunto já bastante descaracterizado. Lá existe a mesma relação social entre o sobrado e a casa térrea descrita na postagem anterior. Alguns autores falam de monotonia urbanística no período colonial, mas isso não é verdade. Havia uma razão de ser em função das condições em que se deu a colonização, as características de clima, tecnologia disponível na época e mesmo defesa militar.


As fotografias que seguem foram bastante enquadradas para evitar as construções modernas que degradam a paisagem local. Um turista desinformado pode até achar a praça de Lumiar aconchegante, mas basta um olhar mais apurado, para constatar a degradação arquitetônica ocorrida pela desinformação dos proprietários de imóvel, falta de incentivo e cuidado do poder público e interesse comercial voraz que rejeita e destrói a nossa história.


Em um país em constante transformação urbana, a formação de uma identidade nacional é muito importante e os aspectos físicos do passado, como centros históricos, antigas edificações, casarios e praças são fundamentais para essa identidade, pois conferem encanto visual e variedade aos espaços urbanos. É perfeitamente possível conciliar os interesses comerciais com a preservação dos imóveis históricos, atitude que inclusive lhes garante maior sustentabilidade. Mas é preciso ter consciência e inteligência para atingir este objetivo. Coisa que anda faltando em nossa sociedade...


Com exceção de algumas cidades reconhecidamente históricas, experimente tirar uma fotografia de um conjunto arquitetônico histórico sem que haja um poste, uma lixeira laranja, um automóvel ou uma placa de publicidade ridícula atrapalhando o visual. Difícil não é? Como favorecer o turismo desta forma?

Vitrais com garrafa

Em tempos de conscientização ecológica, tenho postado sobre arquitetura alternativa porque aprecio este estilo, acredito na causa e considero que a preservação e a valorização dos recursos naturais do planeta sejam necessárias para a sobrevivência humana e de todas as outras espécies. Com criatividade e um pouco de educação ambiental, podemos construir coisas boas e ainda ajudar o meio ambiente, mostrando soluções alternativas para as pessoas.



Uma destas soluções consiste em utilizar garrafas de vidro para formar vitrais. Como a coleta seletiva de resíduos ainda não está disponível para a maior parte da população, a reutilização continua sendo uma alternativa viável. Uma garrafa que iria para o lixo pode-se tornar material de construção, evitar poluição, transformar-se em um belo vitral e enfeitar uma edificação com criatividade.

As aplicações podem ser das mais diversas sejam em estilos cartesianos ou em formas plásticas livres. As garrafas ou garrafões limpos e vazios são fixados com argamassa. No caso do pau-a-pique a garrafa é posicionada e fixada na trama antes do barreamento. Não há limites para criar!


Residências coloniais urbanas

Ao fazer um passeio de bicicleta até Barra de São João, na Região dos Lagos – RJ, coisa que há anos eu não fazia, percebi mais atentamente os traços da arquitetura colonial que ainda perduram na área urbana. Alguns conjuntos são dignos de cidades históricas como Paraty ou Tiradentes embora nem todos os exemplares estejam devidamente conservados. As residências coloniais são a aplicação de algumas das técnicas construtivas que tenho comentado nas últimas postagens.


Aproveitando antigas tradições urbanísticas de Portugal, as vilas e cidades coloniais apresentavam ruas de aspecto uniforme, com residências construídas sobre o alinhamento da via pública e paredes laterais sobre os limites do terreno. As técnicas construtivas eram geralmente primitivas, com paredes de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão e nas residências mais importantes empregava-se pedra e barro, mais raramente tijolos ou ainda pedra e cal. 




O sistema de cobertura, com telhado em duas águas, lançava uma parte da chuva recebida sobre a rua e outra sobre o quintal. A construção sobre os limites laterais garantia a estabilidade e a proteção das empenas. A simplicidade das técnicas denunciam o primitivismo tecnológico da sociedade colonial que era baseada na mão-de-obra escrava.


Os principais tipos de habitação eram o sobrado e a casa térrea. Suas diferenças fundamentais consistiam no tipo de piso: assoalho no sobrado e de chão batido na casa térrea. Definiam-se assim, as relações entre os tipos de habitação e os estratos sociais. Habitar um sobrado significava riqueza e habitar casa de chão batido significava pobreza. Os pavimentos térreos dos sobrados não eram utilizados pelos proprietários como área útil da casa e sim como lojas ou acomodação de escravos e animais. No mais as diferenças eram pequenas.

Estruturas geodésicas

Conhecendo um pouco de geometria, podemos entender que geodésica é mais que uma esfera e que ela pode assumir as mais variadas formas com grandes vantagens estruturais. Primeiro pela simetria da estrutura, um equilíbrio perfeito entre forças de tração e compressão garante um vão amplo com eficiência e economia. Segundo pelo aspecto sempre interessante e acolhedor da estrutura. Um domo pode ser construído de diversas maneiras para atender aos mais variados usos, bastando aplicar um pouco de matemática.

Os segredos das estruturas geodésicas estão nos nós e no poliedro que determina a estrutura, pois este definirá o comprimento das hastes. A primeira impressão pode parecer que a cúpula geodésica é formada por triângulos iguais e que eles são sempre agrupados em malhas hexagonais. Mas não é bem isso que acontece. Olhando atentamente podemos perceber que os triângulos não são equiláteros.


Abaixo estão as imagens de alguns nós que já experimentei. Eles devem ser de fácil montagem e ter resistência suficiente para o tipo de solicitação.


Que tal optar por um domo geodésico na hora de construir aquele quiosque, ou aquele viveiro, ou talvez um galpão, um simples brinquedo de criança, uma barraca, uma estufa, uma casa, ou o que mais sua imaginação pensar?
Para isso dediquei alguns estudos sobre geodésica. É sem dúvida uma matéria surpreendente. Os projetos são encantadores e estarei fazendo algumas postagens sobre construções de domos e estruturas geodésicas.


Edificações em terra crua

As denominações pau-a-pique, taipa, adobe e tijolo cru correspondem à variedade das técnicas e das tecnologias ancestrais utilizadas. A terra crua diferencia-se do tijolo porque ele necessita de adição de um grande volume de energia para fabricação. O tijolo suplantou a construção em terra crua em todas as latitudes graças a sua solidez, resistência à intempéries, flexibilidade de aplicação, padronização. A terra crua tem sido desprezada por causa da valorização e do progresso econômico e social, em proveito de materiais mais custosos, mais processados e com aparências mais modernas. Mas é importante e interessante a aplicação e utilização das técnicas tradicionais de construção por questões de economia, aproveitamento de recursos naturais disponíveis, valorização da natureza, menor impacto ambiental e estilo próprio.

Na foto abaixo podemos ver um posto de informações turísticas, no distrito de São Pedro da Serra, construído com tijolos cerâmicos maciços que poderia perfeitamente ter sido feito com tijolos de solo-cimento sem prejuízo estético.



Já nas fotos seguintes, as construções do Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura – TIBÁ onde se utiliza a tecnologia de terra crua. Elas apresentam grande eficiência climática, são harmoniosas com ambiente ao redor e possuem simplicidade e requinte.


Tecnologia de solo-cimento

A técnica de construção de tijolos com mistura de solo e cimento prensados já está bastante estudada e é viável em regiões onde há fartura de argila, tanto para fabricação própria, utilizando-se prensas manuais, quanto para produção em massa, utilizando-se prensas mecanizadas. Uma massa úmida de cimento e argila é submetida a pressão em fôrmas próprias e depois o tijolo é curado por sete dias em ambiente úmido. Feita a secagem final, o tijolo poderá ser empregado na construção. Os tijolos de solo-cimento além de bonitos, possuem propriedades de conforto térmico e acústico superiores às dos tijolos de cerâmica. Eles também são menos agressivos ao meio ambiente tanto pelo método de fabricação quanto por seus resíduos. São também conhecidos como tijolos ecológicos. Entretanto, são menos resistentes à umidade, necessitando de proteção especial em áreas expostas. Abaixo podemos ver a prensagem de tijolos em prensa mecanizada e um conjunto de construções utilizando estes tijolos.